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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Aviso de sobrecarga da Terra: Em 21 de agosto, excedemos o orçamento da natureza

A humanidade levou menos de nove meses para esgotar seu orçamento ecológico anual, segundo dados da Global Footprint Network, uma organização de pesquisa ambiental com sede na Califórnia.

A Global Footprint Network calcula o estoque da natureza sob a forma de biocapacidade – o montante de recursos que o planeta regenera a cada ano – e o compara à demanda humana: o montante necessário para produzir todos os recursos vivos que consumimos e absorver nossas emissões de dióxido de carbono. Seus dados revelam que a partir de 21 de agosto, a humanidade terá demandado todos os serviços ecológicos que a natureza pode oferecer este ano, desde a filtragem de CO2 até a produção de matérias-primas para a alimentação.

De agora até o final do ano, vamos alcançar nossa demanda ecológica esgotando estoques de recursos e acumulando gases de efeito de estufa na atmosfera.

"Se você gastasse todo o seu rendimento anual em nove meses, você provavelmente ficaria extremamente preocupado", disse o presidente da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel. "A situação não é menos terrível quando se trata do nosso orçamento ecológico. As alterações climáticas, a perda de biodiversidade, o desmatamento, a escassez de água e de comida - todos estes são sinais claros de que não podemos mais financiar o consumo a crédito. A natureza está abrindo falência”.

Queimadas

Várias partes do Centro-Oeste do Brasil estão sem chuva há quase três meses e a vegetação se encontra muito seca. Os focos de incêndio se proliferam, a fumaça se espalha, aeroportos são fechados devido à baixa visibilidade e a população sofre com problemas respiratórios

Nos próximos dias, ar muito quente deve tomar conta do Centro-Oeste com ar ainda muito seco, o que deve tornar o risco de incêndios extremo. Máximas entre 35ºC 40ºC com umidade significativamente baixa podem ser esperados no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, fazendo com que focos de fogo sejam iniciados com enorme facilidade, Insiste-se que o cenário se desenha como crítico para incêndios no Norte e Centro-Oeste.

Esta massa de ar muito quente chegará às latitudes médias e deve trazer expressiva alta da temperatura no Centro-Norte da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil, sobretudo a partir deste fim de semana. No domingo e na segunda-feira, a MetSul não descarta máximas de 31ºC a 33ºC na Grande Porto Alegre e no interior gaúcho. Com as correntes de vento de Norte, quantidade ainda maior de fumaça pode alcançar o Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Clima descontrolado

Por Julio Godoy*

O clima planetário mostra perturbações graves enquanto as discussões políticas para adotar um acordo contra o aquecimento global navegam à deriva, alertam especialistas.

Bonn, Alemanha, 9 de agosto (Terramérica).- Calor incomum, inundações, secas e furacões cada vez mais frequentes e intensos. Já ouvimos estas notícias? Quando se estreitam as opções para negociar um pacto mundial contra a mudança climática, a Organização das Nações Unidas (ONU) insiste em assinalar a emergência de “condições extremas”. Um olhar sobre o clima global dá sinais dessas “condições extremas”.

Nos Andes sul-americanos, as nevadas deste inverno foram tão intensas que mataram centenas pessoas. Ao mesmo tempo, as geleiras peruanas e bolivianas derretem irremediavelmente. No Paquistão e em outras regiões da Ásia central, prolongadas chuvas torrenciais causaram inundações igualmente mortais. Em toda a Europa e na América do Norte, o verão deste ano assola com temperaturas elevadas, de mais de 35 graus, que se mantêm constantes.

Na Rússia, o prolongado calor, com jornadas de até 40 graus, junto com uma seca extrema, provocou, no final de julho e começo deste mês, incêndios gigantescos ao redor da capital e em outras seis regiões do país, obrigando o governo a declarar o estado de emergência. O calor, a seca e o fogo mataram cerca de duas mil pessoas, destruíram milhares de casas e aproximadamente dez milhões de hectares de plantações.

“O teto da casa da humanidade está queimando”, disse um ativista ambiental que participou em Bonn da terceira rodada de negociações preparatórias para a 16ª Conferência das Partes (COP-16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, que acontecerá em novembro e dezembro no México. Nos corredores do gigante Hotel Maritim desta cidade alemã, onde aconteceu o encontro, de 2 a 6 deste mês, proliferam cartazes sobre os efeitos do aquecimento global.

Segundo a agência espacial norte-americana (Nasa), as altas temperaturas médias registradas entre março e junho no planeta fizeram história: foi o período mais quente dos últimos 130 anos. Além das catástrofes, o aquecimento global tem outras consequências desastrosas. Na Europa, governos e empresários temem que o calor e a seca causem enormes perdas agrícolas.

“A colheita de grãos e cereais deste ano vai diminuir cerca de 10%, ou 25 milhões de toneladas”, disse ao Terramérica um dos mais importantes comerciantes de produtos da Alemanha, Ludwig Höchstetter, diretor da BayWa. Estas perdas representam escassez de alimentos, alta de preços e insegurança alimentar.

A nova secretária-executiva da Convenção Marco, Christiana Figueres, recordou novamente aos governos dos países industrializados sua “responsabilidade este ano de dar o passo essencial na luta contra a mudança climática”. Na COP-16, que acontecerá no balneário mexicano de Cancún, os governos devem aprovar um acordo vinculante que regule a redução de emissões de gases-estufa responsáveis pelo aquecimento global a partir de 2012, quando expirar o primeiro período de obrigações do Protocolo de Kyoto.

“Precisamos estabilizar as emissões antes de 2030 e reduzi-las em 50% antes de 2050”, para limitar o aumento médio da temperatura global a dois graus em relação às medições da era pré-industrial, disse Christiana ao Terramérica. Contudo, o mundo enfrenta um paradoxo. De um lado, vai precisar atender a crescente demanda por energia, especialmente nos países em desenvolvimento. Por outro, deve evitar o aumento das emissões provocadas pela queima de combustíveis fósseis, como o petróleo.

Para gerar energia limpa e criar uma economia de baixa intensidade de carbono, a Secretaria da Convenção considera necessários investimentos de US$ 20 bilhões. Mais da metade desse dinheiro deveria favorecer os países em desenvolvimento. A quantia é relativamente baixa, comparada com o que custará a mitigação da mudança climática. “Para cada dólar investido na geração de energia limpa nas nações em desenvolvimento o mundo economizaria US$ 7 em custos de mitigação”, disse Christiana.

A responsabilidade de reduzir os gases-estufa “recai sobre os países industrializados”, disse ao Terramérica, em Bonn, o representante da China para a mudança climática, Huang Huikang. “Nos últimos 200 anos, as nações industrializadas, com seu modo de produção e de vida, causaram um grande acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera”, disse Huang. “A responsabilidade histórica e moral destes países é muito clara”, acrescentou.

Embora sem mencionar os Estados Unidos, a mensagem de Huang estava dirigida a Washington. Esse país ainda tem a maior quantidade de emissões de gases contaminantes por habitante, mas o governo se nega a ratificar o Protocolo de Kyoto e o Senado abortou, no final de julho, um projeto de lei contra a mudança climática. A questão de Washington não assumir responsabilidades ambientais globais continua bloqueando as negociações com vistas a Cancún, a ponto de os especialistas e observadores sugerirem sua suspensão e a busca de canais alternativos.

“Talvez devêssemos simplesmente aprovar a prorrogação do Protocolo de Kyoto para depois de 2012”, disse Christiana ao Terramérica. Outros, como Jo Leinen, presidente do comitê ambiental do Parlamento Europeu, acreditam que o contexto da ONU demonstrou sua inutilidade nas negociações para combater a mudança climática. “Se Cancún fracassar, e tudo sugere que fracassará, deveremos considerar uma coalizão de países voluntários, realmente comprometidos com o combate à mudança climática”, afirmou Jo ao Terramérica. “Esta coalizão deveria representar pelo menos 80% das emissões”, acrescentou.

Como a China encabeça a lista de contaminadores, com 23% das emissões globais, seguida dos Estados Unidos com 20%, tal coalizão deveria incluir uma destas duas nações. Missão que, no momento, parece impossível.

* O autor é correspondente da IPS.

Funbio abre chamada de projetos para criação e ampliação de UCs na Mata Atlântica

A conservação da Mata Atlântica acaba de ganhar um apoio importante. Até o dia 27 de agosto, organizações sem fins lucrativos poderão encaminhar ao Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) propostas de projetos que visem à criação ou ampliação de unidades de conservação estaduais ou municipais, na área de abrangência da Mata Atlântica (definida pela Lei nº 11.428/2006 e Decreto no 6.660/2008). Poderão ser financiados estudos técnicos, bem como consultas públicas para estas UCs.

Associações, institutos ou fundações que vierem a apresentar propostas deverão comprovar parcerias com órgãos do poder público estadual ou municipal que possuem mandato para criar as unidades de conservação contempladas no projeto.

Cada proponente poderá apresentar apenas um projeto, que deve ter duração máxima de 18 meses e pode incluir atividades para mais de uma unidade de conservação e para diferentes categorias de UCs. O valor máximo para cada projeto será de R$ 260 mil e deverão ser respeitados os tetos para cada tipo de unidade: R$ 80 mil para UCs estaduais e R$ 50 mil para UCs municipais. Uma contrapartida mínima de 20% do valor solicitado deve ser assegurada pelo proponente, seja por recursos financeiros ou por bens e serviços, desde que economicamente comprovados.

Os projetos poderão contemplar áreas a serem estudadas para a criação de unidades municipais, estaduais ou mesmo um mosaico que inclua os dois tipos. Serão contempladas as categorias definidas na Lei do SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº. 9.985), exceto Áreas de Proteção Ambiental (APA) e Florestas Estaduais ou Municipais.

O processo seletivo será feito em duas etapas eliminatórias: uma de enquadramento e outra de análise técnica. Num primeiro momento, a equipe do Funbio avaliará se as propostas atendem aos requisitos descritos no edital, como data de envio, área do projeto, documentos pedidos e valores estipulados. Após esta etapa, os projetos serão encaminhados a uma comissão técnica para análise do mérito da proposta. O resultado final deve ser divulgado no dia 8 de outubro.

Leia os detalhes do edital no documento abaixo:

Chamada de Projeto 03/2010 - Projeto Mata Atlântica II - AFCoF II - Componente 1 - UCs Estaduais e Municipais (arquivo pdf - 650 Kb)